quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Carta para minha filha

Isso pode parecer estranho, ou engraçado, pois escrevo essa carta quando você não passa de um plano a longo prazo. Mas é que depois que eu sair de debaixo da asa dos seus avós, me casar, ser mais dona do meu próprio nariz, talvez eu veja o mundo de uma forma diferente.
Eu não sei que tipo e mãe eu me tornei, espero que eu seja a tia legal que as suas amigas adoram e que te empresta roupas e sapatos, mas os anos podem ter me deixado careta. Talvez tenham me feito superprotetora, chata ou quase tão ciumenta quanto o seu pai. Mas o que eu quero de verdade, minha filha, é que você se jogue de cabeça nesse turbilhão que é a vida. Saia na chuva, ande descalça na terra, se apaixone, chore e coma muito chocolate depois de uma briga, se apaixone de novo, se apaixone de novo, dê beijos intermináveis...
Se você puxar a família da sua mãe, vai aprender que todo bom Gramatico gosta de sofrer por amor. E depois de alguns anos vai aprender que a dor do amor é gostosa demais, e que se não há dor a felicidade que vem depois não tem graça. A vida é feita disso, filha. Uma hora a gente sofre, na outra a gente dá risada.
E eu espero que você não seja como eu no que diz respeito a demonstrar os sentimentos. Não tenha medo de dizer eu te amo. Mas tome cuidado com quem você diz. São três palavras que podem produzir marcas eternas em alguém.
Não tem problema se você não quiser ser médica. Mas você é uma garota inteligente e sabe que é muito mais legal do que ser engenheira igual o seu pai. Pode ter certeza que ele vai insistir exaustivamente. Eu poderia ser bem clichêzona e dizer pra você fazer o que o seu coração mandar, mas não. Como uma mãe exemplar, vou dizer pra você ser responsável e encontrar o equilíbrio entre a razão e a emoção nessa hora. Mas o que quer que você faça, encontre uma motivação e faça com amor.
Não sei quantos anos essa carta vai demorar pra chegar às suas mãos, e nem sei ao menos qual vai ser o seu nome ou a sua idade. O seu pai não vai me deixar te chamar de Luiza, então talvez seja Estela. Ou nenhum desses dois. Mas eu espero que você tenha os olhos dele. E que eu já tenha falado pra ele como são lindos.
Ah, e que você ouça Vinícius.
Com amor,
Sua mãe.



quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Uma taça de vinho e o jazz na vitrola marcam o compasso da madrugada na companhia dos livros. Amores alheios me fazem esquecer por um instante a frieza dessa noite de verão.



domingo, 19 de maio de 2013

Carta aberta para A.


Pela primeira vez eu começo um texto sem saber o que escrever. Se você encontrar algum erro de português, ou em algum ponto as idéias pareçam desconexas, releve. Isso não é mais um texto bonito que eu escrevi no auge da minha inspiração. Só te peço que leia de coração e mente abertos.

Talvez você pense que eu seja só mais uma das menininhas iludidas que procuram um status no Facebook.  Porque talvez, pra você, só o que falta entre nós é isso. Mas você continua achando que eu só quero nomear o que temos porque assim eu poderia te cobrar, exigir satisfações, ou coisas do tipo.

Você já percebeu que eu sinto ciúmes. E isso não mudaria mesmo se um dia qualquer coisa entre nós se extinguisse. Mesmo se um dia o que temos se transformasse num mero “oi” ao nos cruzarmos na rua, ou nem isso. Porque você já foi marcado a ferro e fogo em mim, e nada me soa mais absurdo do que a idéia de que alguém além de mim possa te fazer feliz. Egoísmo? Talvez.

Eu olho pra você e só enxergo medo. E uma bagagem muito pesada nas costas. Me enxergo há um mês e meio atrás, quando dormimos juntos a primeira vez e quase joguei tudo pro alto de tanto medo do que estava sentindo, da maneira com a qual eu estava me entregando. Com medo de que você fosse só mais um dos caras que eu conheci no último ano. Mas eu te dei a chance de me mostrar que você não era assim. E hoje eu sei, com toda a certeza do mundo, que você não é nem de longe igual a eles.

Mas o seu medo te domina tanto que você não se permite nem tentar. Não se permite pagar pra ver, como eu fiz. Seu medo só permite que você continue podando seus sentimentos, se limitando. Você morre antes do tiro.

Uma vez você me disse, por sms, que estava infeliz por não conseguir  tirar esse bloqueio de você. E ontem só consegui enxergar uma pessoa que não queria largar o orgulho e assumir isso. Será que você só consegue ser sincero quando escreve? Já percebi que olho no olho te intimida. Me intimida um pouco também. Precisei de um quarto escuro e coragem pra falar 10% do que eu realmente queria te dizer.

Você é uma pessoa inteligente e isso é inegável. Mas é muita prepotência pensar que todos os relacionamentos são iguais ao que você teve. Seria bom prever o futuro, mas isso é impossível. Eu sou diferente da pessoa com a qual você se relacionou, e nem você é a mesma pessoa com a qual a sua ex se relacionou. Eu não sei me entregar pela metade e muito menos esconder meus sentimentos.  Todo o tempo eu te tratei como eu trataria um namorado, e acho que já te falei isso. Uma vez me disseram que um relacionamento é uma flor com espinhos. E você só tá enxergando os espinhos.

Já te disse há algum tempo atrás que não quero ser só sua ficante/namorada/ whatever, mas sim sua parceira. Quero que você confie em mim. Um homem não pode destruir muralhas sozinho.  Em conjunto o trabalho fica muito mais fácil. Só queria que você lembrasse como eram as suas inseguranças em relação ao sexo, e como é agora.  Como conseguimos isso juntos.  Você me ajuda também, não pense que é uma via de mão única. Você está me ensinando a ser mais cautelosa. Precisei de muita coragem pra tocar nesse assunto com você ontem, assim como pensei mil vezes antes de escrever essa carta, reescrevi mil vezes. Mas decidi mandar  porque não quero te deixar ir embora assim.  Nunca fiz e nem faria isso por nenhuma outra pessoa.  

A questão é que eu gosto de você como nunca gostei de ninguém. Cheguei a essa conclusão. Uma vez te disse que só senti algo assim com o Renan três anos atrás, mas não posso fazer essa comparação. Eu não conhecia o Renan. E eu consigo ver a sua alma através dos seus olhos. Com você eu não tenho medo de ser eu mesma. Expor meus sentimentos sem sentir vergonha como uma menininha em um momento, e falar bobagens como um homem no outro. Com você eu não sinto necessidade de fazer joguinhos como os outros casais. Com você eu me sinto leve.

O que aconteceu ontem foi péssimo, estraguei a nossa noite, eu sei. Me desculpe. E eu sei que eu preciso aprender a me expressar tão bem conversando com você quanto escrevendo. Mas a questão é que eu quero você. Quero que as pessoas saibam que você é meu, e o quanto me faz feliz. Quero não ter mais que responder com evasivas quando alguém me pergunta quem é você. Porque eu tenho muito orgulho de te ter ao meu lado, e não quero mais precisar esconder isso.

Tudo o que eu posso te prometer é o melhor de mim se você me der a chance de te ajudar a quebrar essas algemas que te impedem de caminhar de mãos dadas comigo. E aos poucos ir aliviando a sua bagagem, jogando fora o que não presta e guardando o que é bom. Eu sei que posso soar um pouco intrometida, ou egoísta, mas tudo o que eu quero é te fazer feliz, sem medos, sem desconfianças, sem cobranças.  

Sem ignorar a beleza da rosa só por causa dos espinhos.

Sua,

M.



sábado, 4 de maio de 2013

Sentir.

Sábado. Enquanto os outros jovens de 20 e poucos anos se perdem noite afora, eu me aprofundo cada vez mais nos meus pensamentos. Você diz que nada mudou, mas eu posso sentir. Tudo costumava ser tão intenso, e agora parece que a sua chama simplesmente se apagou.
Sinto medo de me expor cada vez mais e te perder de vez. Te sufocar com meus sentimentos demasiados.
Sinto medo de que um dia o seu desinteresse me atinja e eu simplesmente não sinta mais.
Sinto vergonha de me olhar nos olhos no espelho, e lidar com a rejeição.
Sinto falta de quando você sentia falta.



quinta-feira, 25 de abril de 2013

Take your time.

"Oh these times are hard
Yeah, they're making us crazy
Don't give up on me, baby."




Sempre pensei na chuva como uma maneira externa de chorar.
Mas na noite lá fora as estrelas, testemunhas silenciosas dos dias felizes do passado, brilham agora alheias ao meu sofrimento.
Life goes on.